segunda-feira, 29 de março de 2010

Deficiência visual


Resultados alarmantes de um estudo recente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) indicam que existe hoje, no Brasil, mais de 1 milhão de cegos e 4 milhões de deficientes visuais. A pesquisa informa ainda que 90% das vítimas de cegueira são de baixa renda. A falta de informação e assistência médica seriam os motivos que levam essas pessoas a uma luta incessante por cidadania e uma melhor qualidade de vida.

Segundo a oftalmologista do Instituto de Moléstias Oculares (IMO), Maria Beatriz Guerios, as principais causas de cegueira na infância são: retinopatia da prematuridade, glaucoma congênito, rubéola, catarata congênita, toxoplasmose congênita, hipovitaminose A, oncocercose, sarampo e o tracoma. A médica explica que essas doenças poderiam ser prevenidas com simples consultas de pré-natal e acompanhamento pediátrico e oftalmológico na infância. Já na vida adulta, as causas mais freqüentes dessa deficiência são: catarata, glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade.

O apoio da família na adaptação à cegueira é fundamental para um bom desenvolvimento. “É preciso considerar que 80% das informações a respeito do mundo e do meio ambiente nos chegam pela visão, que tem também o poder de organizar as informações que os outros sentidos fornecem. Quando ouvimos um barulho, sabemos dizer se foi um objeto que caiu da estante ou se é um cachorro latindo do outro lado do muro. Na criança com cegueira congênita, esse processo é seriamente prejudicado, pois ela não tem o uso coordenado dos outros sentidos”, orienta a Drª Maria Beatriz.

Para coordenar esse processo de aprendizagem, a família pode contar com uma equipe multidisciplinar, composta por oftalmologistas, pediatras, psicólogos e educadores com especialização. “O início da escolarização deve obedecer ao mesmo critério cronológico das crianças com visão normal. Por isso, ela precisa receber atendimento precoce para evitar prejuízos em seu desenvolvimento. As crianças cegas são alfabetizadas pelo método braile, que utiliza um alfabeto constituído pela combinação de seis pontos básicos. A linha atual da educação é não segregá-las, matriculando-as em escolas especiais. Essa tendência deve ser incentivada”, ressalta.

Mas quando uma pessoa é obrigada a se adequar a esse novo mundo, as dificuldades se apresentam ainda maiores. “É extremamente delicada a adaptação de uma pessoa que deixou de enxergar. Há uma fase de luto pela perda da visão. De qualquer forma, a pessoa com cegueira adquirida tem a representação visual do mundo e dos objetos na memória, o que facilita suas atividades e ações”, afirma.

Entretanto, a médica salienta a importância de dispensar para esses deficientes os mesmos recursos de adaptação estabelecidos para os portadores de cegueira congênita. “É preciso que estes também aprendam o braile e a movimentar-se com autonomia. Atualmente, existem recursos tecnológicos disponíveis que facilitam a vida dos cegos. Na área da informática há programas com vozes sintetizadas, capazes de ler tudo o que está escrito na tela do computador e que ajudam a navegar pela Internet”, finaliza.

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